Crescimento torna atrativos os papéis de construtoras
Brasil Econômico - Por Alexander Ragir/Bloomberg News
A Gafisa é negociada no preço mais baixo em 14 meses após as ações terem recuado 24% este ano. Guilherme Rebouças, administrador de recursos do Itaú Unibanco, disse que os papéis estão baratos.
"Houve momentos em que era preciso procurar ações de segunda linha, mas agora é possível comprar qualquer coisa no setor - Gafisa, Cyrela - qualquer uma," disse Rebouças, que ajuda a administrar o equivalente a US$ 10,5 bilhões em ações no Itaú, que só perde em gestão de recursos no mercado local para o Banco do Brasil.
"Todas estão baratas demais e não podem ser ignoradas", acrescentou.
A Gafisa, segunda maior construtora do país em receita, junto com PDG Realty Empreendimentos e Participações, terceira do setor, e MRV Engenharia e Participações podem se valorizar 69% até o fim do ano com o aumento médio de 33% no faturamento, disse o JPMorgan Chase & Co em relatório em 20 de maio.
As perspectivas de que a economia brasileira cresça no ritmo mais forte em 24 anos anulam as preocupações de que o aumento dos juros vai limitar a demanda, disse Eduardo Favrin, diretor de renda variável na unidade brasileira do HSBC Global Asset Management em São Paulo.
O índice do setor imobiliário da BM&FBovespa caiu 12% este ano, puxando o preço médio das empresas que compõem o índice para 10,3 vezes o lucro anunciado. A Gafisa recuou para 13 vezes o lucro reportado, a menor relação desde março de 2009.
Planos de Sam Zell
As empresas do setor de construção podem se beneficiar da decisão do bilionário americano Sam Zell de levantar US$ 500 milhões para investir em companhias do ramo imobiliário brasileiro e da Gávea Investimentos, do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, de entrar no setor com a compra de uma participação na unidade de construção da Odebrecth.
As ações da PDG Realty caíram 10% desde janeiro e valem 13 vezes o lucro, enquanto as da MRV perderam 17% e tem uma relação preço-lucro em 11,9, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Apenas dois dos 16 componentes do índice de construtoras da BM&FBovespa acumulam alta em 2010.
As empresas do setor residencial não estão com o melhor valor no mercado, disse Claudio Andrade, cofundador da Polo Capital Gestão de Fundos.
Os preços das casas continuam a subir no Brasil. O custo médio de um apartamento novo em São Paulo teve alta de 22%, para R$ 2.432,00 o metro quadrado nos primeiros quatro meses do ano e 51% maiores do que no mesmo período do ano passado, segundo um levantamento da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp).